O sexagésimo terceiro dia da quarentena já havia passado. Ou seria o sexagésimo quarto? Não sei mais. Depois de algumas semanas nesse recolhimento solitário, as noites e os dias se misturaram. Meu ciclo circadiano estava todo bagunçado, perdido nos dias que viraram noites, até que o amanhecer não veio mais. Além do meu pequeno mundo, as trevas eram tudo o que havia. Lá fora, apenas o nada me espreitava da escuridão. Ninguém estava na rua, além de alguns vultos ocasionais, que se diluíam nas sombras, seguidos pelo ladrar furtivo de algum cão perdido. 

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